A arte do descaso - Cristina Tardáguila - 2016 - 192 páginas - Editora Intrínseca
Castro Maya nasceu em 1894 em Paris e foi um dos milionários mais conhecidos do Rio de Janeiro durante a década de 1920. Filho do diplomata maranhense Raymundo de Castro Maya e da mineira Theodozia Ottoni, passou os primeiros anos de sua vida na França e se mudou para o Rio em 1905.
Em 1911 se formou em direito, mas ganhou a vida como empresário vendendo tecidos e óleos que suas empresas fabricavam para uso doméstico e industrial. Maya residia na Chácara do Céu, onde colecionava milhares de obras de artes, azulejos, mobílias, pratarias e livros.
Criou a Sociedade dos Cem Bibliófilos Brasileiros em 1943 para publicar obras-primas de autores brasileiros ou livros sobre o Brasil e em 1948 fundou a Sociedade dos Amigos da Gravura para popularizar esse tipo de arte.
Foi Castro Maya que colocou os primeiros 100 mil cruzeiros no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e também quem programou as primeiras exposições da instituição. Diante disso, é evidente o importante papel que o mecenas desempenhou na história da arte do Brasil.
A Chácara do Céu se tornou Museu em 1964 e o foi cenário do maior assalto a museu do Brasil, classificado como um dos maiores do mundo pelo FBI (Federal Bureau of Investigation). Em 2006, durante o desfile do bloco das Carmelitas, um grupo de assaltantes ingressou na Chácara do Céu e roubou cinco obras: um Dalí, um Matisse, um Monet e dois Picassos, com o valor total estimado em mais de 10 milhões de dólares na época. Mais de quatorze anos se passaram e, até o momento da publicação dessa resenha, as obras ainda não foram encontradas.
Em "A arte do descaso", a jornalista Cristina Tardáguila realizou um estudo minucioso acerca do crime ocorrido no Museu da Chácara do Céu. Investiu anos de sua carreira em pesquisas, chegando até mesmo a viajar para o exterior para conversar sobre o ocorrido com os maiores especialistas do assunto.
A obra aborda a ineficácia da segurança do Museu, o descaso com a arte no Brasil, o desinteresse das autoridades em solucionar o caso e também critica a posição dos brasileiros frente à arte no país. Com uma linguagem acessível e uma narrativa fluída, a autora transporta o leitor ao cenário de um dos maiores roubos de museu do mundo e levanta importantes reflexões sobre a história da arte no Brasil e sobre a postura (ou a falta dela) que mantemos diante de referidas situações.
Essa leitura foi uma bela surpresa, comprei o livro despretensiosamente em uma promoção na Amazon, pois a sinopse me chamou a atenção. O fato de eu nunca sequer ter ouvido falar nesse roubo antes da leitura demonstra quão certa Tardáguila está acerca da isenção e falta de interesse pela arte no Brasil.
Eu não imaginava que gostaria tanto da narrativa da autora, tampouco pensei que pudessem caber tantas informações em tão poucas páginas. Foi uma das melhores leituras que realizei esse ano e com certeza recomendo a obra!
Oi Juliana.
ResponderExcluirAdorei conhecer este livro através da sua opinião, especialmente sobre o estudo minucioso do crime ocorrido no museu da Chácara do Céu. Vou adicionar na minha lista de desejados por que quero conhecer a escrita da jornalista Cristina e também estou curiosa pelo enredo.
Bjos
https://historiasexistemparaseremcontadas.blogspot.com/
Oi Juliana!!
ResponderExcluirNossa, eu adoro esses livros jornalisticos que mais parecem ficção de tão surreais que são! Incrivelmente esse livro passou batido no meu radar e agora estou super curiosa pra ler ele! Acabei de colocar na wishlist e já quero ler, adorei a dica!!
Olá, tudo bem? É realmente cruel quando vemos como a arte é tratada no Brasil, não só pensando pelo lado político, como da população. Quantos casos parecidos e até piores do que esse aconteceram depois e nada foi feito?1 Esse livro trata de um assunto muito relevante e que devia ser mais falado. Quando o li fiquei chocada com a investigação como um todo, e o quanto a impunidade está aí. Triste né, mas necessário sabermos sobre. Ótima resenha!
ResponderExcluirBeijos
Olá,
ResponderExcluirEu também nunca ouvi falar (até agora) deste livro! Eu gosto do tema de arte, e ficou mais interessante com a história do roubo. Anotei a dica.
Olá.
ResponderExcluirEu estou igual você antes da leitura, também não havia ouvido falar desse roubo, mas achei o livro de suma importância para conhecermos melhor a história do nosso país e de como a arte é tratada aqui. Nós, que consumimos Literatura, já temos um gostinho de como a própria é desvalorizada por muitos, o que faz esse livro ser ainda mais importante nos dias de hoje. Já quero!
www.sonhandoatravesdepalavras.com.br
Olá!
ResponderExcluirNossa, realmente interessante a forma com que autora abordou o assunto porque eu também nunca ouvi falar neste roubo. Fico feliz que tenha gostado da leitura e tenho certeza que seria uma bela surpresa pra mim também.